O processo de sucessão eleitoral, pelo qual estamos passando, nos trouxe inusitadas, e, bizarras “novidades”. Se por um lado contemplamos, certa, participação mais diversificada de integrantes dos mais variados segmentos sociais, por outro, notamos a confusão instaurada, quanto ao papel da política no seio de nossa sociedade, e, mais da própria função daquele que a exerce com fins determinados àquilo que, poderíamos chamar, sua vocação!
- Política.
Política não é uma palavra simples de se definir, a palavra é de origem grega, politikhè, segundo Abbagnano, ao menos, quatro coisas são designadas por essa palavra: 1ª.a doutrina do direito e da moral; 2ª a teoria do Estado; 3ª a arte ou ciência do governo; 4ª o estudo dos comportamentos intersubjetivos. Porém, interessa-nos para presente reflexão uma definição menos ambiciosa, menos ampla, aquela que figura na perspectiva de Weber (1864-1920) que, num de seus mais famosos ensaios, compreende […] a politica apenas como a liderança, ou a influência sobre a liderança, de uma associação política, e, daí hoje, de um Estado. Nesta perspectiva ela tem um papel imprescindível, tanto no contexto do Estado, quanto das associações políticas, ou seja, aquelas que se estabelecem voluntariamente entre as pessoas para a consolidação de uma determinada configuração de forças. Neste sentido, a política tem como objeto primeiro, o poder; e, se pensarmos como os gregos, o poder que tenciona garantir que os membros da comunidade (política) possam alcançar o seu fim comum: o bem da maioria, da démou, ou de muitos (da politia), ou do povo, o bem da polis. Em Weber, esse fim não é explícito, talvez nem mesmo implícito, mas, é justificável na concepção originária da política, entre os gregos. Todavia, essa concepção impõe uma reflexão mais aguda da relação entre a moral e a política, reflexão que se faz presente nos textos dos grandes filósofos, a partir do pensamento clássico grego, até o ápice da Ilustração.
- Nuanças da Participação Política.
A participação política é um dispositivo importante para que a comunidade alcance seu fim determinado, para que todos possam influenciar, de certa forma, no rumo que seguirá o desenvolvimento da sociedade e no próprio papel individual que cada um desempenhará na configuração social. Por outro lado, a não participação política, no seio da sociedade, é um problema que acarreta drásticas consequências. Certa vez, contemplamos num muro, na cidade de São Paulo, a seguinte frase: “O pior castigo para aqueles que não se interessam por política é que eles serão governados por aqueles que se interessam!” Descontando a inferência negativa, aquela que faz supor, implicitamente, que aqueles interessados por política são, necessariamente, manipuladores, essa frase tem certo quê de verdade e expressa apenas um dos resultados da não participação política. Assistir o horário reservado à propaganda eleitoral, acompanhar os noticiários, ler os jornais, e, prestar atenção aos veículos de propaganda dos vários candidatos à sucessão eleitoral, faz-nos ter a impressão que a apatia política está sendo banida do cenário contemporâneo. Afinal, além, dos já conhecidos “…cabelereiro’, “…da farmácia”, “…da padaria” e, etc, vislumbramos, cada vez mais, celebridades da TV, dos esportes e religiosos, empenhados na busca à obtenção de um cargo, de uma função no cenário da política brasileira. É uma prerrogativa das sociedades democráticas garantir a liberdade e participação política a todos os que por ela se interessam e estão civilmente habilitados para exercê-la, em diferentes níveis e status. Todavia, a situação presente têm um caráter nefasto que é bem dissimulado através dos veículos de comunicação e de técnicas arrojadas de Marketing. Continuar lendo