Palco, Picadeiro, Púlpito, Palanque e Política – Eleições 2010.

O processo de sucessão eleitoral, pelo qual estamos passando, nos trouxe inusitadas, e, bizarras “novidades”. Se por um lado contemplamos, certa, participação mais diversificada de integrantes dos mais variados segmentos sociais, por outro, notamos a confusão instaurada, quanto ao papel da política no seio de nossa sociedade, e, mais da própria função daquele que a exerce com fins determinados àquilo que, poderíamos chamar, sua vocação!

  • Política.

Política não é uma palavra simples de se definir, a palavra é de origem grega, politikhè, segundo Abbagnano, ao menos, quatro coisas são designadas por essa palavra: 1ª.a doutrina do direito e da moral; 2ª a teoria do Estado; 3ª a arte ou ciência do governo; 4ª o estudo dos comportamentos intersubjetivos. Porém, interessa-nos para presente reflexão uma definição menos ambiciosa, menos ampla, aquela que figura na perspectiva de Weber (1864-1920) que, num de seus mais famosos ensaios, compreende […] a politica apenas como a liderança, ou a influência sobre a liderança, de uma associação política, e, daí hoje, de um Estado. Nesta perspectiva ela tem um papel imprescindível, tanto no contexto do Estado, quanto das associações políticas, ou seja, aquelas que se estabelecem voluntariamente entre as pessoas para a consolidação de uma determinada configuração de forças. Neste sentido, a política tem como objeto primeiro, o poder; e, se pensarmos como os gregos, o poder que tenciona garantir que os membros da comunidade (política) possam alcançar o seu fim comum: o bem da maioria, da démou, ou de muitos (da politia), ou do povo, o bem da polis. Em Weber, esse fim não é explícito, talvez nem mesmo implícito, mas, é justificável na concepção originária da política, entre os gregos. Todavia, essa concepção impõe uma reflexão mais aguda da relação entre a moral e a política, reflexão que se faz presente nos textos dos grandes filósofos, a partir do pensamento clássico grego, até o ápice da Ilustração.

  • Nuanças da Participação Política.

A participação política é um dispositivo importante para que a comunidade alcance seu fim determinado, para que todos possam influenciar, de certa forma, no rumo que seguirá o desenvolvimento da sociedade e no próprio papel individual que cada um desempenhará na configuração social. Por outro lado, a não participação política, no seio da sociedade, é um problema que acarreta drásticas consequências. Certa vez, contemplamos num muro, na cidade de São Paulo, a seguinte frase: “O pior castigo para aqueles que não se interessam por política é que eles serão governados por aqueles que se interessam!” Descontando a inferência negativa, aquela que faz supor, implicitamente, que aqueles interessados por política são, necessariamente, manipuladores, essa frase tem certo quê de verdade e expressa apenas um dos resultados da não participação política. Assistir o horário reservado à propaganda eleitoral, acompanhar os noticiários, ler os jornais, e, prestar atenção aos veículos de propaganda dos vários candidatos à sucessão eleitoral, faz-nos ter a impressão que a apatia política está sendo banida do cenário contemporâneo. Afinal, além, dos já conhecidos “…cabelereiro’, “…da farmácia”, “…da padaria” e, etc, vislumbramos, cada vez mais, celebridades da TV, dos esportes e religiosos, empenhados na busca à obtenção de um cargo, de uma função no cenário da política brasileira. É uma prerrogativa das sociedades democráticas garantir a liberdade e participação política a todos os que por ela se interessam e estão civilmente habilitados para exercê-la, em diferentes níveis e status. Todavia, a situação presente têm um caráter nefasto que é bem dissimulado através dos veículos de comunicação e de técnicas arrojadas de Marketing. Continuar lendo

Aristóteles – “A retórica é a outra face da dialética”

Segundo Aristóteles a retórica é “a outra face da dialética; pois ambas se ocupam de questões mais ou menos ligadas ao conhecimento comum e não corresponde a nenhuma ciência em particular.” Aristóteles considera que a retórica é indispensável à política ou aos discursos políticos. Segundo Aristóteles:

“É, pois, evidente que a retórica não pertence a nenhum gênero particular e definido, antes se assemelha à dialética. É também evidente que ele é útil e que a sua função não é persuadir, mas discernir os meios de persuasão mais pertinentes a cada caso, tal como acontece em todas outras artes; de facto, não é da medicina dar saúde ao doente, mas avançar o mais possível na direcção da cura, pois também se pode cuidar bem dos que já não estão em condições de recuperar a saúde.” (Retórica, I, 1355b, 41)

A retórica, para Aristóteles, não representa um verdadeira mal, pois a injustiça de um discurso retórico político, injusto não se encontra na retórica, mas sim na política, uma vez que a retórica não corresponde a nenhuma ciência em particular:

“Dizer a política é arquitetônica com relação à retórica implica dizer que o fim da retórica sempre estará a serviço de o fim da política e, assim, como sabemos que o fim da política é o bem humano ou a vantagem comum, a retórica pode ser salva. Se ela estiver sendo utilizada injustamente, não é da competência da retórica, mas da competência da política, corrigir a situação. Para isso, só será necessário apelar para o critérios, já bem estabelecidos pelo autor na constituição correta e poder político. (ARISTÓTELES,1985). “Este, única forma legítima de poder numa cidade propriamente tal, consiste em exercer o poder em beneficio dos governados, o que, em ultima instancia, virá constituir a salvação a arte de persuadir.” (YAMIN s.d., 745)

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Apesar da sua brilhante defesa, Sócrates é condenado à morte. Na véspera da sua execução, o filósofo é visitado na cadeia por Críton, discípulo devotado, que lhe vem apresentar um plano seguro de evasão. Entre os dois amigos trava-se um diálogo dramático, o mais importante de todos aqueles em que, ao longo do 70 anos, Sócrates participou, porque nele se debate um problema de vida ou de morte.

Górgias (a retórica) – Clique aqui

O título deste Diálogo de Platão faz referência a Górgias, sofista grego (487-380 a.C.), Mestre de Tucídides, e que é um dos intervenientes. Nesta obra, a doutrina de Sócrates sobre a Retórica é confrontada com a dos sofistas.

Fédon (a imortalidade da alma) – Clique aqui

Não se conhece a época em que foi escrito; possivelmente depois do Banquete. O diálogo narrado passa-se na prisão, do qual participam Sócrates e seus discípulos fiéis, no dia em que o mestre teve de beber sicuta. O assunto é sobre a alma e a morte de Sócrates. O ‘Fédon’ é considerado a obra da maturidade do espírito de Platão.

Filebo (o prazer, a vida boa) – Clique aqui

No início do diálogo vemos Sócrates levantando a questão de que o saber, a inteligência, a memória e tudo o que lhes for aparentado, como a opinião certa e o raciocínio verdadeiro são melhores e de mais valor do que o prazer, em oposição à tese de Filebo que afirmava que para todos os seres animados o bem consiste no prazer e no deleite.

Teeteto (o conhecimento) – Clique aqui

O Teeteto (em grego, Θεαίτητος) é um diálogo platônico sobre a natureza do conhecimento. Nele aparece, talvez pela primeira vez explicitamente na Filosofia, o confronto entre verdade e relativismo.

O Sofista – Clique aqui

No ‘Sofista’, opõe-se aparência e realidade.

Parmênides (o uno e o múltiplo, as formas inteligíveis) – Clique aqui

Parménides narra um acontecimento provalvelmente fictício, mas não historicamente impossível – um debate que opõe o jovem Sócrates a Zenão e ao mestre deste, Parménides. A discussão desenrola-se em três conversas sucessivas – na primeira, entre Sócrates e Zenão, faz-se referência ao escrito deste último; nas duas conversas seguintes, entre Sócrates e Parménides, discutem-se, respectivamente, algumas das questões mais relevantes da orgânica das formas colocadas em todo o corpus platónico e por fim as consequências resultantes da hipótese parmenídea do uno. O diálogo termina na declaração da aporia. O Parménides é consensualmente tido como um diálogo do último período do platonismo e inaugura, por assim dizer, um conjunto de obras de reflexão crítica sobre a teoria das formas.

O Banquete (o amor, o belo) – Clique aqui

O Banquete’ é a celebração e o louvor de Eros. Platão, com dramatismo e suma habilidade literária, propõe nos diversos discursos (de Ágaton, Aristófanes, etc.) conceitos vários sobre o Amor que são negados ou superados na narração de Sócrates acerca de Diotima. Eros é o intermediário entre o humano e o divino; através de todas as formas do belo arrasta e impele para a Beleza supra-sensível.

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O equitativo é justo mas é também superior ao justo

Segundo Aristóteles:

“Ainda que pareça estranho, o equitativo é justo mais superior ao justo no sentido de que o homem justo só precisa respeitar as leis ao passo que o equitativo é capaz de ser justo até agindo contrariamente às leis estabelecidas, pois não ignora que, em algumas circunstancias, elas podem falhar.” (Ética Nicômaco V, 10, 96)

As leis quando expressas universalmente, se deparam com alguns casos que não conseguem abranger universalmente, é justo se utilizar do equitativo na tentativa de “corrigir” a omissão, pois “o próprio legislador teria dito se estivesse presente, e que teria incluído na lei se tivesse conhecimento do caso”, sendo a natureza do equitativo “uma correção da lei quando ela é deficiente em razão da sua universalidade […] Por isso o equitativo é justo, superior a uma espécie de justiça – não a justiça absoluta, mas ao erro proveniente do caráter absoluto da disposição legal”. (Ética Nicômaco V, 10, 96)

Encontramos essa questão também na retórica, onde claramente, analisaremos a equidade na ótica da persuasão, onde o “orador precisa entender sobre a questão da justiça, mais particularmente, sobre as ações justas e os indivíduos justos.” (YAMIN s.d., 752)

Platão e a Retórica

Para Platão, a Retórica não pode ser considerada uma Arte, mas apenas uma espécie de rotina para produzir prazer e satisfação ao corpo, um simulacro da justiça. Para Platão a retórica pertence à adulação, assim como a culinária, a sofistica e as indumentária. “A meu ver, essa prática compreende várias modalidades, uma das quais é a culinária, que passa, realmente, por ser arte, mas que eu não considero como tal, pois nada mais é do que empirismo e rotina. Como partes da mesma incluo também a retórica, o gosto da indumentária e a sofistica…”.

Para Platão existem duas artes, uma vez que existem dois domínios diferentes, o corpo e a alma. A arte da alma Platão define como política que podemos dividir em legislação e justiça, já a arte do corpo teremos duas definições, a ginástica e a medicina. Para Platão a adulação só visa o prazer, sem preocupar-se com o bem. “nego que seja arte; não passa de rotina, pois não tem a menor noção dos meios a que recorre, nem de que natureza possam ser, como não sabe explicar a causa deles todos. Não dou o nome de arte ao quecarece de razão”.

Assim a retórica seria apenas um simulacro da justiça que busca apenas o prazer sem se preocupar com o bem A justiça por sua vez seria a verdadeira Arte, se preocupando com o bem e não apenas com os prazeres.